terça-feira, 25 de maio de 2010

Do surto à sanidade

Desde que o vazio tomou conta do espaço
já não há mais
nenhum lugar para remediar as conversas.

Flertem a liberdade
em um lance de mutuas vontades.
Até que cubra o asfalto
de lagrimas enlutadas.

Silenciem os trovões,
neutralizem os raios,
escureçam o arco-íris,
gelem o inferno e o elevem ao céu.
Dê paz ao inimigo e Heil mein Führer, a guerra.

Solidifique o tempo,
congelo o coração,
empurre a lua e puxe o sol,
desapareça junto com os retalhos amadeirados,
sob o perfume da terra fresca.

Espere então,
até que um dia despertes desse sonho
e dance com o orvalho decadente das manhãs.


Navalha


A navalha inerte,
paralela a um pulso encharcado
de esperança falecida,
morta na primeira mira.

O corpo retirado sobre porções vitais escarnecidas,
esfriando, endurecendo progressivamente
como os desejos suicidas
que habitavam aquela matéria antropofágica.

Quando o sol sede a sua presença,
as flores adormecem,
o cheiro dos seus sentimentos vibram
junto a cadaverina fervente.

O perispirito aguarda o momento de total desligamento
daquela carne sem semelhantes.

O vento passa por entre seus pudores
espalhando a quem quiser servir.
O teu olhar tão vivo,
está prestes a se cadaverizar.

Os últimos momentos
antes da gloria
tão sonhada por este druida,
foram dedicados
a expor seus cacos num papel.
Deixando suas ultimas perguntas
e algumas derrotas não declaradas.

O seu pra sempre foi curto de mais.
Morta a serpente,
morto está o veneno.

Finado de uma existência
de sabedoria filosofal,
enquanto cantava para morte,
durante a caminhada,
escarificava em seu peito e pulsos,
um sol vestido de vermelho.


Insano incerto


Se o amanha é futuro,
vivi em uma grande e continua maquina do tempo,
que sutilmente me arremessou
frontalmente para o ontem!

Qualquer que tente dizer como sou,
na verdade se afasta da verdade,
como se caminhasse ao horizonte,
como se buscasse o pote de ouro
ao fim de sua colorida vida.

Quanto mais busco o momento,
mais distante me faço deste.
Por mais momento que sou,
facilmente me afogo no passado.

Esse ciclo se assemelha
a jogos de espelho,
nada novo,
nada velho,
nada mutável
nada incostante,
externo ou interno
ao ponto de contradizer
seu melindroso reflexo.
Só imagens de uma mesma origem,
vista por múltiplos olhares.

Preciso fatalmente
me dirigir a um intervalo de loucura
para manter toda sanidade!

Porquês

De muitos os porquês
alojados em meu infinito questionário,
tendo como o maior pecado o que mais agrada,
moro onde a tristeza vibra de alegria,
moro no peito nu,
escondo-me atrás do arco-íris.

Compartilho de uma vida heteronímia constante,
faço plantações de personagens
para interpretar
no cotidiano torpe.
Todos esses heterônimos estão acabando,
historias antes chordas
hoje são ignoradas.

Nos ouvidos repletos de sons entorpecidos de ódio,
viajamos rumo a desgraça.
Enrolei meus sentimentos em uma trouxa de roupas
que ainda me cabia ser mulher.

Com esse corpo que repulsa uma esclerosada alma,
fugi do caos
exalando um cheiro ébrio.

Foi dito que era proibido
passear sobre sentimentos desesperados,
proibido guardar emoções cálidas,
angustiantes e fúteis
de memorias inúteis.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Realidade e Heteronímia


Entre realidade e heteronímia vivo!
Lúcida talvez.
É certo que duvido do rosto que vejo no espelho,
tão certo como uma constante chuva de verão
que mata sonhos imaturos translação após translação.

Uma sombra de congregações patológicas
se aproxima,
refletida na pulsante e enfurecida corredeira
de sonhos prófugos.

Pisoteada estou,
com o coração exorcizado
esbarro no teu silêncio,
tirando-te a paz que procurou como uma devassa
neste mundo estendido por dor e caos.

Talvez

Dê ao momento um pensamento súbito,
talvez reticente.

Dê a alma um corpo dançante,
talvez vibrante.

Dê a alegria, solidão,
talvez contentamento.

Dê ao pôr do sol, ilusões
talvez uma noite longa e insone.

Dê as trevas, Ades,
talvez o âmago.

Dê a vida nada além de hoje,
talvez um possível amanha.

Dê ao futuro o sonho contido,
talvez um delírio.

Dê a rotina o amanhecer
talvez luz infinita.

Dê ao tudo o vazio,
talvez ao vazio o desejo.

Dê ao desejo o tudo,
talvez ao tudo o fim.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Raro

Raro em minha visão nada mais é do que todo e qualquer ser humano que luta pela vida, não podemos nos excluir ou colocarmos acima do conjunto por um simples gosto musical comum.
Temos que nos denominarmos raros por gostarmos do próximo, da união, amizade, de uma risada da piada sem graça, de uma bobagem dita.
Ser raro é ser singular e mesmo assim querer ser plural, somar ao próximo e ao próximo e ao outro, formando uma cadeia, sem sobressalente, onde todos implicam suas necessidades e desempenham um papel fundamental na totalidade desta, ou seja, mesmo vegetando ou expectadores de nossas vidas fazemos algo para funcionalidade dela, cada ser, micro ou macro, cego ou visionário, paralitico ou funcional, surdo ou portador de um mais belo ouvido musical, são todos raros, mesmo de bem com a vida ou amarga a ela, são como pinturas valiosas.
Ser raro é ser único e nunca sozinho, ser capaz de responder o motivo de nos encontrarmos numa coisa só, fazendo disso nossa máxima!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Medo etéreo

Seria tão bom se a coragem gritasse mais alto do que o medo.

Quero tanto me jogar pelo mundo,

mas tenho medo!


Tenho medo também de ficar aqui onde estou,

descobrir que passaram-se anos

e que fui passada para trás.

Pelo tempo, pelas horas tardias de solidão.

Pela inercia.


Por medo, tranquei-me.

Tenho medo sobre tudo de admirar fotos e fatos

de pessoas que se foram.


Por medo,

podei toda a esperança.

Encravei uma mascara

bem próximo ao colapso.


Na dose certa poderia ir além mar.

Seria remédio perfeito,

feito doçura para estupidez.




terça-feira, 19 de janeiro de 2010

































Com toda a falta de coragem
e desprendimento
ofereço o que talvez
exista de melhor em mim,
para o pior que existe em você.
[Ou para que o pior exista em você.]






Sou (?!)

A partir de um breve momento de sonho,
nos deixamos abertos ao futuro,
criamos outras fugas,
possibilidades infinitas pra um mesmo fim.

Sendo assim vivo este aqui,
pois ele me perseguiu,
e motivou a esculpi-lo em concreto.

Sou aquele que da pena fez um verso,
Sou aquele que se fez um céu reverso,
Para gentilmente cobrir tal momento.
Sou aquele que caminha [submerso]
Pelas águas sem temer os vendavais.
Sou aquele que jamais desistirá
Dessa tal felicidade,
Por mais longínqua ela possa parecer.

Sou aquele que transforma a dor em rima,
Sou aquele que procura no teu astral,
Metáforas perfeitas,
Que traduzam tua vergonha,
Em pronomes possessivos
Desde teu olhar à acidez da saliva.

Estável Temática Instável


Sofro diante da duvida, de qual caminho seguir, meu eixo temático, se quebrou, encontra-se travado, não se move, não possui as mesmas cores, formas, cheiros e sentidos, que colecionei, durante anos de espera.
Tentei sim, buscar novas experiências, e mergulhei em mundos imundos, fui diversas e vazias e variadas almas, mas não fui a lugar algum.
Continuar com o escrotos e sem perspectiva seria o melhor a se fazer agora?
A insatisfação crônica, corre lentamente nas minhas sinapses neurais, quanto mais me conheço, mais perto estou de uma inexistente verdade, queria simplesmente ser amiga da felicidade, melhor do que flertá-la sem esperanças. Devo continuar? São estas as perguntas que tentam me calar a todo momento.
Se a vida não precisasse de tantas respostas, seria menos complexa? Ou não seria a vida?
Não posso me permitir ser a tristeza poente das vidas alheias, e bem menos disfarçar a pouca fé que ainda tenho. Já desperdicei o começo dessa vida, seria proveitoso fazer o mesmo ao fim?
Ou seria imprudência não fazê-lo?
Amar, brigar, me afastar, amar ainda mais, odiar a todos, sim esta é face exposta do meu eixo temático emperrado.
A outra está escondida na escuridão, atrofiada, usada apenas num distante passado, onde tudo era grande para as pequenas mãos, a inocência gritava ensurdecendo os grandes sonhos daquela pequenez. Quem sabe o eixo ainda gire a tempo de aproveitar todas as matizes futuras.
Prefiro ele completo ou inexistente, o meio termo não me possui.
Mas é certo que quero girar junto a ele, sim ou não, gire ou pare, ou talvez que ele nem exista, o meio termo não quero!

Conceitos incontroláveis.

Quero me deleitar na brisa leve
rebuscar conceitos juvenis
que já nem lembrava mais.
Saciar-me da fortaleza que
a felicidade trás.
Transpor todo dever do dia dormente.

Concentrar-me a entrega,
forçá-la diante a pressa da gloria.
Reunir meus cacos em teus abraços
e ser inteiro apenas por hoje.
[E quem sabe fazer desta minha nova rotina]
Junto ao tempo inócuo,
onde a sobriedade me remetia
mais a um vicio do que a própria virtude.

Repousando a estafa de conseguir
viver anos a fio
como se estivesse atravessando séculos,
sendo parco de alma e eunuco de coração.
Preciso da medida aproximada
da satisfação plena que refletia
o teu sorriso.
Preciso de doses exatas de
insanidade e consternação.

Poderia ser tudo tão doce
como o prazer de compartilhar
minha amarga vida com você.

Suspensão

Me dependurava um pouco
Dos outros olhares,
No grande edifício,
Cravejado em um céu
Independente.
Quando o sol sede a tua presença,
Faz-se adormecer as flores.

Exala no ébrio ar,
Gritos desesperados por uma vida submersa
Em asfalto e sangue,
Enquanto sentia todo o peso
Da atmosfera em minhas costas,
Braços e pernas...
A cabeça acabará de somatizar
Uma leveza que durante anos almejei.

E por momentos esqueci
Toda aquela retrospectiva que acontecia.
Tinha certeza que minha mente fazia caminho
Reverso a toda massa rebocada não chão.

Um inferno de sentidos criou-se a minha volta,
Admiradores, cristãos, mendigos, macumbeiros, agnósticos e abutres...
Agora sim, estava aos pés da sociedade
Que me produziu e embalou.

Equivocadamente achei que poderia
Ser a mesma pessoa que era ao amanhecer,
Mais não, agora sou pequenos fragmentos
Morfinômanos e mórbidos e imóveis,
Rumo a gólgota.





Nevoa Rosa

Em um intervalo de tempo
Você é um ser em pela forma melindrosa
Um saco sonhador,
Revestido de responsabilidades e falsidades.

Em um segundo você é um ser feliz,
Completo, revestido de xingamentos suspicazes.
Com todas as verdades expostas,
Com todo amor impregnado
Aos poros, suados e friorentos.

Em uma semínima de hora,
Você é um conjunto de sistemas.
Em outras, uma chuva de sangue,
Ou simplesmente uma névoa rosa.

A morte caiu de pára-quedas fechado,
Feito chumbo em água.
Feito a derrota da esperança.

Tudo que sentia ou desejava
Se impregnou nas vidraças
Encobrindo o sol penetrante e ardente.

Tudo que viverá ou investirá
Se torou desnecessário.
Senti todo perdão vazando em mim.
Senti o fim da guerra.
Fugindo de algum momento,
Para o além momento.

Chegou então o dia que nada mais fez sentido,
A não ser a falta do mesmo,
Tudo foi escapando entre os dedos inclusive a própria vida!




Provável

Hoje,

Um dia de sol amarelo ardente,

Tento concentrar meus esforços

Para retirar velhas culpas,

Destes ombros fadados

A carregar pesos cada vez maiores.

Talvez essa pele que se joga

Ao impulso de uma dor

Paranóica(mente) louca e repulsante,

Venha ser valida para vivenciar

Toda experiência acumulada

Através das lutas obsoletas.

Cada vez que o ponteiro

Muda as horas,

Chego fatalmente ao fim

Inconclusivo do que poderia ser...

Poderia ser um sábio

Por investir em esperança.

Poderia ser o ultimo grão de areia,

A cruzar o equador da ampulheta.

Poderia ser grande ou posto no caminho do inferno.

Poderia mudar-me

Para o mundo,

Mais me prendi.

Poderia ser o caminho,

Mais fui a chegada...

Breve...

Breve mente,

De 'achismos' peçonhentos,

Triste negativismo

Que danifica todo um trajeto preliminar.



Preso dentro

De toda liberdade existente,

Paralela a historia que queria contar.




Narrar um caminho sem fim,

É viver eternamente... (?!)










Frontispício

O que fazer com todas essas mutações limítrofes
que modelam todas as manhas frívolas?
A parte criticada bruscamente lânguida,
não sabe mais seguir,
corrompe os existentes coletivos sociais,
vivenciando dores atenuadas,
teatralizando tudo que possa condizer
com suas decadentes ilusões visionarias.

Adianto como um frontispício,
impressos o dia de entrada e saída
desta pátria pobre hostil.

Através da realidade e a consternação dito os horários,
faço das horas impróprias
um desejo convalescente, fraco,
mutuo com minhas inanimadas verdades.

O tédio do intervalo frio e nublado
fez-se essencial como um desconhecido julgador
dependente da observação.

Livre Delirio

De que vale toda a loucura encarnada em sua pele?
Daqui a tempos ela murchara, perdera peso e calor.
Secara sobre amigos sãos, tresloucados e transviados.

No fim voltaremos ao berço,
quem nos banhará serão as mesmas mãos que incessantemente
gesticulavam em brigas juvenis.
Quem aquecera será o ventre que pariu de amor?

Vivi cheio de amigos cheios de loucura e pó.
Mesmo definhando e desafinando um desamor pelo futuro,
eles me trouxeram rosas e Uísque.
E no fim voltamos a escutar canções de ninar.

De que vale tanta loucura repulsando meus livres desejos,
se no fim voltaremos aos fins que todos voltam?
De que vale ser careta e carente,
e viver no meio de hipócritas e masoquistas?
De que vale essa loucura presa no peito,
fazendo dobrar os joelhos e doer os dedos em terços e evangelhos?
De que vale a loucura livre,
se não posso voar?

Grafite e Papel

Como conseguir um mescla de prazer, alivio e culpa
ou talvez culpa, alivio e prazer?
Assim como uma droga atuante em um corpo falho causando
euforia, viagem e depressão.
Será minha droga grafite e papel?

Tenho tantas possibilidades com essa combinação simples,
uns falam de amor,
outros de dor,
uns desenham lições de moral e auto ajuda
outros desenham casinhas e um futuro bom.

Eu apenas me prendo em um vocabulário
deslustrado, depreciativo,
nunca lindo, sempre desnudo
a ponto de ver a minha ferida exposta
sobre todas as conjugações.

Escrevo meus dramas,
desencarno da vida,
sendo assim a cada texto um novo ensaio,
a cada peça um novo drama.

Será tão óbvio meu ódio?
Quero criticar e ter criatividade pra isso,
tenho tantos quereres
que logo me vejo mergulhada
em um nobre desejo efêmero

Mesmo que estivesse
a frente de uma arma carregada de lágrimas
não tenho medo da morte,
Oras porque?
O medo já partiu a tempos,
sou uma blindagem contra difamação social,
vou alem, bem além
de uma blindagem,
sou a rotina estática,
sou um relógio sem bateria,
sou o nitrogênio liquido
congelando instantaneamente olhares paralelos,
sou o compasso sem passo,
sou o freio pressionado
tingindo o asfalto de borracha,
sou antissocial e se me lembra disso
só me faz um grande elogio.

Prefácio [Ou prólogo de uma amizade passada]



Com dias cada vez mais certos

e insanos,
dou a ti esta obra,
a quem tocou com o fogo,
queimo com a palavra,
amiga lúcida, platónica,
Porém profundamente reciproca.
Alvo das minhas angustias
ombro para meus pesados pensamentos.


Te conheci em um intervalo,
onde o tempo era mais vagabundo
e parou em eternas lembranças embriagadas,
com abraços consolidadores de
bobagens introspectivas.

Como eu queria
me livrar desses contextos provadores.
abrir uma nova vida,
como se abre um livro,
prefácio fácil,
um texto limpo
com temas obsoletos.

Duelo com minhas mazelas
mais deploráveis,
tento encontrar o auge do sarcasmo.
e com um contentamento transcendente,
a todo auge se segue um fim mediócre e definhante.